
A importância da santificação
Já reparou como nossas vidas são moldadas pelas escolhas que fazemos? As pessoas com quem andamos, nossas amizades, colegas de trabalho e até mesmo um esporte ou profissão... absolutamente todas as nossas escolhas têm o poder de moldar quem somos.
Ao iniciarmos nossa caminhada com Cristo, nada há nada mais natural do que sermos influenciados por Ele, e com isso, transformarmos quem somos. A Bíblia chama esse processo de santificação. Este termo caracteriza uma transformação progressiva e contínua operada por Deus na vida daquele que foi regenerado, convertido e justificado. Nesse processo, o cristão é moldado e ensinado a viver cada vez mais para Cristo, numa vida de retidão conforme a vontade do Senhor, fazendo-o adotar, progressivamente, o caráter e o modo de viver de Jesus, tal como é declarado na primeira carta de Pedro:
Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo". (1 Pe 1: 14-16)
Neste processo, a cada dia a natureza pecaminosa, com a qual o homem nasce, é mortificada, e a nova natureza, aquela que adquirimos no novo nascimento espiritual, que ocorre no momento da adoção por Deus, torna-se cada vez mais evidente. É, pois, algo inevitável, pois como pode-se concluir pelo dito acima, não há como alguém andar com Cristo e não ser influenciado por Ele.
Contudo, gostaria de destacar que, por ser a santificação um processo, e não um fim em si, está errada a ideia que muitos temos de que um genuíno cristão não peca. Isto é, na verdade, algo que ocorreria apenas se, porventura, alguém conseguisse percorrer todo o processo (santificação) ainda em vida. Ao contrário desta ideia, a Bíblia declara que todos somos pecadores, sem exceção. Veja o que diz o livro de Eclesiastes:
Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque. (Ec 7:20)
Também o apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, afirma:
Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. (Rm 3: 21-24)
Ora, se a salvação vem pela graça, e nada podemos obter que provenha das obras resultantes da santificação, qual é a sua função, e por que somos exortados a nos santificarmos?
Por mais chocante que possa parecer, não há nenhuma recompensa concreta que possamos ganhar ao nos santificarmos, pois como Paulo muito bem disse, tudo o que temos foi conquistado na cruz, por Cristo, e não temos parte em nenhum mérito ou recompensa advindo disto. Contudo, a santificação ainda figura na Bíblia como algo imperativo, mas por ser algo inexorável a todos os verdadeiros cristãos; trata-se dos frutos humanamente visíveis do processo de amadurecimento pelo qual todo o cristão genuíno passa e que nos leva a sermos mais parecidos com Cristo. Logo, assim como se espera que colhamos figos de uma figueira que plantamos no quintal, espera-se que todo o cristão apresente os frutos (sinais visíveis da conversão) do espírito, que provêm do processo do crescimento da árvore (santificação), tal como afirmado por Paulo, em sua carta aos Gálatas:
Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. (Gl 5: 16-23)
Tão séria é a questão da santificação que o evangelho de Mateus narra uma passagem onde Jesus secou uma figueira por não produzir frutos:
Cedo de manhã, ao voltar para a cidade, teve fome; e, vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. (Mt 21: 18-21)
O que podemos concluir desta abordagem é que, se alguém se declara cristão e não produz frutos do Espírito (que é perfeito e produz frutos), o Espírito de fato não o acompanha, e por isso não tem parte com Deus.
O que faremos, pois, para evitar sermos secos e
cortados do jardim de Deus? Segundo a Bíblia, nada podemos fazer de nossas
próprias forças para produzirmos algo bom, mas Deus tem poder para transformar
nossa natureza e nos santificar, a ponto de abandonarmos as obras da carne e
passarmos a produzir bons frutos. Por isso, não tente você mesmo, por seus
próprios esforços, mudar sua natureza e produzir frutos de arrependimento;
antes, aproxime-se de Deus, que é poderoso para fazer habitar seu Espírito em
ti, e este sim, produzirá os frutos do Espírito.